:: [ ILUSTRAÇÃO ] :: Eu escolhi persistir
Por Jacqueline Collodo Gomes.
A época mais fria do ano chegara sobre o vilarejo recostado às montanhas do grande vale. Um menino atrevia-se na temperatura que cortava a pele, e descia uma ladeira com passos firmes. Nenhuma outra alma viva se encontrava por aquelas ruas.Estava trêmulo de frio, mas apertava-se em si mesmo, e seguia em frente.Algumas pessoas o viam passando da janela de suas casas, e instantaneamente ficavam espantadas. Logo, uma multidão perplexa diante da cena estava às janelas das casas, e discutiam entre si sobre o que tão pequeno menino estaria fazendo sozinho lá fora naquele frio.Um vizinho o reconheceu e foi à porta de sua casa chamá-lo. – Tá maluco, rapazinho? Volta pra tua casa! Você vai congelar aqui na rua!- O meu avô está passando mal. Eu preciso chegar à farmácia. – respondeu o menino, reunindo forças para enfrentar o sopro gelado das montanhas que lhe vinha de encontro.O homem deu de ombros para sua causa. – O seu avô já está nas últimas, menino. Não perca tempo, não se arrisque. Acha que vai adiantar o que você está fazendo? Acha que ele vai se recuperar dessa vez? Vá pra casa! Esse frio vai te deixar doente! Salve a sua vida!Mas o menino não lhe deu ouvidos, virou as costas e seguiu andando.À frente, outro vizinho o reconheceu, chamando-o de pronto, muito espantado: – Menino, endoidou? Olha o frio que está fazendo! Vá pra sua casa!- O meu avô está doente, senhor. Está passando mal. Eu preciso chegar à farmácia.O homem também tratou aquilo com indiferença:– Menino, o que você tem na cabeça? Seu avô já está doente não é de hoje. Acha que ele vai viver muito, ou você que está querendo morrer? Vá zelar pela sua vida! Volta pra sua casa!Mas o menino não aceitou, virou as costas e continuou seguindo em frente.Finalmente chegou à farmácia, e por insistência das batidas à porta, protestando muito, o dono do estabelecimento veio recebê-lo; e, como todas as outras pessoas, ficou espantado ao se deparar com aquele menino em pé diante da porta, trêmulo, lutando contra o frio.- Eu preciso desse remédio, senhor. O meu avô está doente.O homem sentiu o seu coração apertar. Segurando a receita médica nas mãos, olhou para o menino de relance. O pequeno o olhava com determinação. Não voltaria para casa sem aquele remédio para o avô. Como o farmacêutico ia lhe dar aquela notícia? Não tinha jeito, ele teria de dizer.- Eu não tenho essa medicação – começou o homem, sentindo um nó na garganta. - Aliás, estou com pouquíssimos remédios em estoque. Devido a este mal tempo, o caminhão de entregas não conseguiu chegar até aqui.O menino suspirou e olhou para baixo, avistando seus pés que doíam profundamente de cansaço e desesperados por um pouco de calor.- Tem uma farmácia no outro vilarejo, há duas quadras. Mas, menino, olha como está frio! Olhe você, tremendo de frio! Venha, entre! Eu farei um chá bem quente, e trarei um agasalho pra você. Menino, não compensa ir até tão longe!O menino ergueu os olhos e o encarou com tranquilidade e firmeza.- Eu já andei até aqui. Duas quadras é pouco – falou, sem pestanejar. E seguiu em frente.Alguns minutos mais tarde o pequeno tinha nas mãos a medicação de que precisava. E todo o vilarejo o acompanhou das janelas das casas na volta para sua casa. Foi uma cena comovente. Sozinho, trêmulo, apertando-se em si mesmo para se esquentar, ele seguiu, firme.- Mãe, eu cheguei, e trouxe o remédio para o meu avô. Como ele está?Dois meses depois, e a mãe levava à mesa um bolo todo decorado, para a comemoração do aniversário de seu filho. Ele surgira à porta da sala, trazendo enfeites para finalizar a decoração.- Como você vai colocar esses enfeites no alto? Precisará de uma escada. – falou o pai, procurando ajudá-lo.O menino o olhou e sorriu com gratidão. – Não será necessário. – E, olhando para o lado, avistou algo que fez seu coração transbordar de felicidade. - O vovô é bem alto e consegue alcançar.Então o senhor sorridente e cheio de saúde aproximou-se do neto, fez-lhe um cafuné, e tomou os enfeites para colocá-los onde o menino estava indicando.As pessoas começaram a chegar. Todo o vilarejo viera saudá-lo, e participar com ele deste momento tão feliz. Ainda estavam admiradas com a bravura daquele menino em ter enfrentado tão baixa temperatura para socorrer o avô por quem tinha um amor tão grande.Muitos não continham a emoção por vê-los vivos e saudáveis, e os que haviam desencorajado o menino a seguir em frente sentiam-se envergonhados, e mal podiam encará-los.De repente a multidão não se conteve, e as pessoas começaram a questioná-lo, maravilhadas sobre como ele havia conseguido realizar aquele feito, de não ter se rendido ao frio intenso, à canseira, às propostas de desistência.O menino olhou para cada pessoa em silêncio por alguns segundos, e foi simples como ele mesmo:- Eu escolhi persistir.Até a última quadra completada, não há quem determine que acabou, que não tem jeito. Até a última chance, alternativa, opção, maneira, não há quem possa dar a situação como vencida.Siga em frente na estrada, e se necessário, ande mais duas quadras; mesmo que o frio, a canseira, tente lhe fazer desistir. Siga em frente! Isto só vai ruir se você desistir. Mas você não tem que desistir. Você pode continuar. Você pode!Você não tem quer dar ouvidos a quem te diz pra desistir. Você não tem que ceder! Não é regra. Não tem que ser assim!Não é regra se tornar, ter o mesmo, que os da sua casa, que os seus colegas de infância, de escola... Você faz a regra!Você pode ir contra o vento cortante do peso da hereditariedade. Você pode fazer diferente!Siga em frente! Vá seguindo! Escolha conseguir. Escolha persistir!Diante das ofertas de desistência, de um sofá confortável que lhe convida a desistir da igreja, de um programa animado que lhe convida a desistir de orar, de buscar a Deus, de estar em Sua presença e fazer o que Lhe agrada, escolha persistir. Escolha dizer ‘não’ para isto que se faz parecer sua única opção, pois não é. Você pode ter um lindo testemunho amanhã para ajudar a outros, e ser imensamente feliz e realizado na vida, se escolher persistir hoje.Em nome de Jesus, que amanhã, numa outra realidade, você possa dizer sobre a situação que está enfrentando hoje: - Eu escolhi persistir!Em nome de Jesus, diga hoje: - Eu escolho persistir!
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